O Substituto, David Nicholls




  • Título: O Substituto
  • Autor(a): David Nicholls
  • Editora: Intrínseca
  • Ano: 2013
  • Páginas: 320
  • Cortesia da Editora Intrínseca
Para Josh Harper, ser ator significa ter dinheiro, fama, mulheres aos seus pés e o papel principal nos palcos de Londres. Para Stephen C. McQueen, trata-se de uma longa e desastrosa carreira como figurante. Stephen tem um nome que não ajuda (não, ele não é parente do famoso Steve McQueen), um agente pouco interessado, um relacionamento complicado com a ex-mulher e a filha e um trabalho como substituto de Josh Harper, o 12º Homem mais Sexy do Mundo. E, quando percebe que está apaixonado por Nora, a linda e inteligente esposa de Josh, sabe que as coisas podem ficar ainda mais difíceis para ele. Ou, quem sabe, essa não é justamente sua Grande Chance? Com personagens engraçados e diálogos irresistíveis, O substituto é uma comédia arrebatadora.

Minha saga com David Nicholls... Já li todos os livros do autor publicados no Brasil... menos o que todos elogiam: Um Dia. Pois é, acontece que eu ando meio traumatizada com suas outras obras. Como pode um autor com tanta inteligência e talento para a escrita sempre errar em suas histórias? São enredos que pouco encantam e personagens menos ainda.

Stephen é um ator substituto que acabou de se divorciar que vive uma vida depressiva, com poucos sorrisos. Um personagem difícil de gostar ou se identificar, bem parecido com aquele que protagonizou sua obra Resposta Certa. Na verdade, um padrão que persegue seus protagonistas, como percebi também em Um Dia (no filme, pelo menos). Alguém que se autodenomina perdedor, mas que não se dá conta de que ele está lá por sua própria causa. Gosto de deixar claro em minhas resenhas o quanto eu gosto de personagens humanos e cheios de falhas, mas vamos ser realistas: muitas falhas também tira um pouco da humanidade do personagem. Um cara de mais de trinta anos que tem o comportamento de um adolescente, para ser mais sincera. Quem esperaria alguém que fez tantas decisões erradas e ainda insiste que está no caminho certo? Ele está apenas convencido de que o que falta em sua vida é a “grande chance”. Fiquei muito incomodada com esse comportamento.

David Nicholls é bom com as palavras, principalmente com suas metáforas. Foi esse talento que me fez ir adiante e lhe dar uma nova chance lendo mais um de seus livros. Apesar de seu personagem nada carismático, a magia de seus livros fica nas entrelinhas, no jeito como escreve, no modo como seus personagens se comportam: tudo é uma metáfora sobre os fracassos e como as coisas nem sempre saem como a gente espera. Ele tem uma escrita gostosa, fluida e inteligente que te leva adiante.

Dando uma pesquisada, acabei de deparando com a informação de que, assim como Stephen, David também teve uma carreira um tanto frustrada como ator. Talvez o autorretrato de suas desventuras tenha feito com que David passasse uma dose extra de amargura para seu enredo. Uma pena que a história tenha soado tão amarga que me repeliu um pouco. Os livros nos ajudam a fugir um pouco da realidade. A vida, é claro, não é nada fácil, mas porque aproveitar uma leitura sobre alguém que tem uma ainda pior do que a nossa e parece fazer pouco para sair de lá, certo? Eu me vi numa leitura em que eu apenas esperava um fim, mas que pouco ficava curiosa com o destino de seus personagens.

A diagramação do livro combina muito com o clima de cinema e teatro do enredo, com trechos de scripts muito bem escritos. Revivi um pouco das minhas cadeiras da faculdade onde aprendi a escrever roteiros. Além dos capítulos com títulos, algo que está um pouco perdido nos livros. A capa também ficou maravilhosa, tanto que me recusei a recolocar a capa protetora de tanto que eu tirava ela para admirá-la ou tocá-la. A Intrínseca sempre dando um carinho especial e merecido para David Nicholls.

Sou teimosa e, como amei o filme Um Dia, ainda quero fazer a leitura do livro e espero não levar preconceitos pois, apesar de ter achado suas outras duas obras nada mais do que “ok”, não posso deixar de reconhecer que David é um artista das palavras.

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