Simplesmente Ana, Marina Carvalho




  • Título: Simplesmente Ana
  • Autor(a): Marina Carvalho
  • Editora: Novo Conceito
  • Ano: 2013
  • Páginas: 304
  • Cortesia da Editora Novo Conceito
Imagine que você descobre que seu pai é um rei. Isso mesmo, um rei de verdade em um país no sudeste da Europa. E o rei quer levá-la com ele para assumir seu verdadeiro lugar de herdeira e futura rainha… Foi o que aconteceu com Ana. Pega de surpresa pela informação de sua origem real, Ana agora vai ter que decidir entre ficar no Brasil ou mudar-se para Krósvia e viver em um país distante tendo como companhia somente o pai, os criados e o insuportável Alex. Mudar-se para Krósvia pode ser tentador — deve ser ótimo viver em um lugar como aquele e, quem sabe, vir a tornar-se rainha —, mas ela sabe que não pode contar com o pai o tempo todo, afinal ele é um rei bastante ocupado. E sabe também que Alex, o rapaz que é praticamente seu tutor em Krósvia, não fará nenhuma gentileza para que ela se sinta melhor naquele país estrangeiro. A não ser… A não ser que Alex não seja esta pessoa tão irascível e que príncipes encantados existam. Simplesmente Ana é assim: um livro divertido, capaz de nos fazer sonhar, mas que — ao mesmo tempo — nos lembra das provas que temos que passar para chegar à vida adulta.

Com Simplesmente Ana, passei por uma experiência que nunca tinha experimentado antes: comecei gostando do livro, mas gradativamente fui me desinteressando de uma forma que no final fui lendo bem rápido, pois abandonar leituras é só em casos emergenciais. Acontece que vi potencial, mas me decepcionei com tanto clichê e um casal que nada me convenceu.

Apesar da forte semelhança à série que Meg Cabot escreveu, o começo do enredo de Marina Carvalho me deu um horizonte de que nada seria parecido, que um autor, de fato, poderia pegar algo já batido e transformá-lo em um conto lindo, sobre uma garota comum que acha seu pai e finalmente descobre que ele é rei. Tem tudo para ser uma história linda, se a autora não ignorasse quase por completo a relação de Ana com Andrej, seu pai, para colocar um romance que não me convenceu nada, nada. Qual é o problema com um livro que tenha menos romance e mais relação familiar? Fica bonito do mesmo jeito!

Pois é. Enquanto eu esperava uma menina e seu pai, ávidos por fazerem o tempo perdido ser compensado, vemos o personagem do rei aparecer apenas quando há problemas a vista, ou na hora das refeições. A autora não separou nem um capitulozinho em que pai e filha passeiam pela cidade em um dia menos atarefado. Tudo bem que ele é um rei, mas se ele teve tempo para conhecer uma mulher e se casar, ele também arrumaria um tempinho para conhecer sua filha melhor, não? Pois é, e no meio tempo, aparece Alex, o enteado do rei – filho da falecida rainha, que casou com o rei Andrej já viúva – aparece e, sem explicações, simplesmente odeia a Ana e trata ela muito mal. Por quê? Motivo bobo que não me convenceu. A autora quis formar um casal que se construiu a partir daquela relação entre o amor e o ódio, mas ela não conseguiu fazer esses sentimentos oscilarem de forma harmoniosa – e olhe que eu amo casais que se odeiam a princípio! –, sendo algo completamente sem sentido. Quando a Ana começou a amar ele, um alarme começou a soar na minha cabeça “é mentira! É mentira!”

Outra coisa que me incomodou tanto nos livros? Vou dizer! Eu adoro livros nacionais, principalmente quando eles exploram todo o potencial da nossa cultura. Sou pernambucana, muito orgulhosa, e acho que meu estado tem tanta coisa bonita para oferecer, assim como todos os outros, é isso que faz do Brasil tão maravilhoso, cada estado contribui de uma forma. Aí eu me deparo com um livro brasileiro como Simplesmente Ana, com uma protagonista mineira que é totalmente bairrista. Uma universitária comum que, da noite para o dia, descobriu que era uma princesa... Ela deveria ter levado em sua bagagem o orgulho de uma nação inteira, e não só o orgulho de ser mineira. Já estive rapidamente em Minas Gerais e é realmente bonito e cheio de cultura, mas me incomodou o modo como a autora excluiu o resto do nosso país. Queria ter visto ela se orgulhando de nossos costumes brasileiros e não apenas dos mineiros.

O livro não é de todo mal, não estou dando três estrelas por pena. Vi potencial na escrita da autora, ela apenas foi usada numa história que me decepcionou bastante. Espero ler novos livros da autora, e vê-la crescendo todo o seu conhecimento. Apesar dos apesares vi alguém que se deu ao trabalho de criar uma cultura imensa para um país, sendo bem detalhista. Uma narrativa jovem, que imergiu na cultura pop do mundo inteiro. Alguém com essa criatividade ainda pode crescer bastante no cenário literário brasileiro, se se soltar mais.

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