O Fim de Todos Nós, Megan Crewe




  • Título: O Fim de Todos Nós
  • Autor(a): Megan Crewe
  • Editora: Intrínseca
  • Ano: 2013
  • Páginas: 272
  • Cortesia da Editora Intrínseca
A ilha de Kaelyn foi sitiada e ninguém pode entrar nem sair: um vírus letal e não identificado se espalha entre os habitantes. Jovens, velhos, crianças - ninguém está a salvo, e a lista de óbitos não para de aumentar. Entre os sintomas da doença misteriosa está a perda das inibições sociais. Os infectados agem sem pudor, falam o que vem à mente e não hesitam em contaminar outras pessoas. A quarentena imposta pelo governo dificulta as pesquisas em busca da cura, suprimentos e remédios não chegam em quantidade suficiente e quem ainda não foi infectado precisa lutar por água, energia e alimento. Nem todos, porém, assistem impassíveis ao colapso da ilha. Kaelyn é uma dessas pessoas. Enquanto o vírus leva seus amigos e familiares, ela insiste em acreditar que haverá uma salvação. Caso contrário, o que será dela e de todos?

O Fim de Todos Nós me surpreendeu, posso começar admitindo isso. Achei que ia pegar mais um enredo distópico – que é meu vício do momento – e me deliciar com a sociedade oprimida em um processo de apocalipse em andamento. O que eu tive foi muito mais do que o estereótipo que acabei de descrever.

Kaelyn acaba de voltar para a Ilha (no Canadá) onde ela morou antes de se mudar para Toronto. Há dois anos ela não fala com seu melhor amigo, cuja relação – e o fim dela – se mantêm um pouco misteriosa com o passar das páginas. Mas ela ainda dá um jeito de ter algum contato com ele. Já que seu endereço de e-mail foi mudado, ela tem ideia de manter um diário no qual ela quer provar para ele, Leo, que é, sim, capaz de mudar, de ser uma pessoa simpática e não excluída.

O rumo da proza muda bastante quando as pessoas a sua volta terminam ficando doentes. O diário de Kaelyn ser torna mais um diário de uma sobrevivente do que uma carta melancólica para seu melhor amigo. Acontece que um vírus estranho anda se espalhando rapidamente entre as pessoas da Ilha e, não demorando muito, também termina tomando suas vidas. O governo determina que a cidade deve ficar em quarentena em prol da saúde daqueles que se encontram fora da zona de perigo. Mas quanto tempo será que aquelas pessoas vão levar para começarem a agir em prol da sua sobrevivência e não daquilo que o governo determinou ser de segurança pública.

O livro é um espetacular relato da reação humana em situações críticas, onde a esperança parece não ter lugar. Um livro sobre pessoas que estão vendo seus amigos e familiares indo embora sem nenhuma perspectiva de melhora. Os cientistas e médicos que sobraram na Ilha tentam, mas a cura não parece estar em nenhum lugar para ser descoberta. Algumas pessoas, no auge do seu desespero parecem fazer uso de medidas estremas para se livrar do vírus, passando por cima de todos os direitos humanos que nós conhecemos. Dá para imaginar vivendo assim? Com medo da própria sombra?

Apesar de a temática fazer com que eu, automaticamente, associasse o livro às distopias, esse estigma logo caiu quando fui percebendo o que a autora quis nos passar. Não é simplesmente uma sociedade idealizada que deu errado. Somos nós e um vírus, é algo que pode acontecer ou pode já estar acontecendo. Na leitura, nos deparamos com pessoas morrendo uma atrás da outra e um governo tão paralisado pelo medo que atrapalhou mais do que ajudou.

A palavra que melhor descreveu essa leitura foi “desespero.” Sobretudo com aquele final, que foi tão aberto, mas tão aberto que me deixou angustiada. Como pode terminar assim? O Fim de Todos Nós faz parte de uma trilogia cujas continuações terei o prazer de comprar em suas pré-vendas. A leitura de um livro como tal é uma experiência pela qual todos os leitores deveriam passar, então não pense duas vezes antes de pegá-lo para ler, você não vai se arrepender.

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