Resenha: Resposta Certa - David Nicholls



  • Título: Resposta Certa
  • Autor(a): David Nicholls
  • Editora: Intrínseca
  • Ano: 2012
  • Páginas: 352
O ano é 1985. Brian Jackson, com uma bolsa de estudos e ótimas notas, acaba de entrar para a universidade. E parece que finalmente conseguirá realizar um antigo sonho: aparecer em um popular programa de perguntas e respostas na televisão, onde poderá demonstrar todo o seu repertório de cultura geral. Após entrar para a equipe da faculdade e passar pela fase classificatória, Brian se prepara para seu primeiro embate televisivo, ao mesmo tempo em que se vê apaixonado por uma de suas colegas de time: a linda, inteligente e assustadoramente elegante Alice Harbinson. Quando Alice se recusa a ceder aos encantos ligeiramente ansiosos de Brian, ele aparece com um plano infalível para conquistar o coração de sua amada de uma vez por todas. Ele vai ganhar o jogo. A qualquer custo. Porque, afinal, todos sabem que o que uma mulher realmente procura em um homem é uma vasta gama de conhecimentos gerais...

Existe aquele tipo de livro que é quase uma unanimidade no meio literário. Este foi o caso do outro livro de David Nicholls, publicado também pela Intrínseca, no ano passado, Um Dia. Quando a editora começou a divulgar a obra, as pessoas enlouqueceram querendo lê-la. Seu lançamento não gerou um efeito muito diferente. O caso é que ainda não li Um Dia, e, até um tempinho atrás, não tinha lido nada escrito pelo autor.

A equação – como todos nós, leitores assíduos, sabemos – é simples. Quanto mais altas são nossas expectativas, maior será a decepção caso o livro não as corresponda. O que, de forma alguma, significa que o livro seja ruim, mas passei tanto tempo lendo resenhas sobre como a escrita de David Nicholls é maravilhosa que não parei para pensar, em nenhum momento, que talvez ele não fosse aquilo tudo que as pessoas dizem.

Por um lado, é indescritível a forma como a narração do autor consegue passar a intensidade das situações. Certamente, há talento para a escrita. Entretanto, foram seus personagens que me desencantaram. O personagem principal, Brian, é a reunião de todos os clichês masculinos: um cara pouco popular que quer se destacar na faculdade, começando com tentar impressionar a garota mais bonita do campus. Ele é imperfeito, um pseudo-intelectual que tenta se encaixar, mas acaba tropeçando em seus próprios conceitos do que é “legal.” David usa os clichês de seu personagem principal para falar de estereótipos, de como os garotos vão sempre atrás daquela que tem pose de princesa. Em meio a essas tentativas de conquistar Alice, Brian se atrapalha cada vez mais, o que, na primeira metade do livro foi uma coisa super engraçada, se converteu a algo forçado e cansativo nos últimos 50%. Além disso, há toda a expectativa criada em relação ao Desafio Universitário, que só ganhou força nas últimas páginas, quando aconteceu a competição. E super rápido! Muito frustrante!

O autor que escreveu uma história tão criativa e impactante quanto Um Dia tinha capacidade para fazer algo mais do que um clichê de alunos universitários, eu tenho certeza disso.

Entre os personagens do livro, os únicos que me conquistaram por serem autênticos foram Rebecca, uma garota que Brian conhece na faculdade, e Spencer, o melhor amigo de escola de Brian, que não se renderam à psicologia básica e conseguiram, de fato, me surpreender. Ainda que David não tenha feito um bom trabalho com seu protagonista, ele caprichou com esses dois citados no parágrafo. Engraçados, sem fazer muito esforço. Posições politicas seguramente definidas. Personagens tão autênticos que não tem como você não achá-los interessantes, e admirá-los. David conseguiu fazer com que todos os seus personagens fossem bem diferentes dos outros, e acertou em cheio em conseguir manter suas características até a última página.

Resposta Certa é um livro que adora referências políticas. Todos os personagens (menos Brian!) têm um posicionamento partidário, exercem ele e dão importância. Algo como “Oi, como é seu nome? Você é de esquerda? É conservador?”, sempre procurando amizades cujos pensamentos possam sempre ser equivalentes. Além da política, o autor fez questão de destacar a cultura britânica dos anos 80 (época em que se passa o livro), usando música e literatura como referência.

O livro, certamente, tem seus pontos positivos e negativos. Mereceu quatro estrelas pela inteligência de seu autor, mas não posso maquiar o fato de que tenha sido um livro um tanto tedioso, com um final decepcionante e sem sentido. O leitor é simplesmente abandonado no meio da história, em seu melhor momento, como em uma novela, que ganha um final superficial e você é deixado imaginando como serão as vidas dos personagens depois das grandes mudanças. O Desafio Universitário é pouco presente, não justificando sua repercussão na capa e na sinopse. A verdadeira protagonista foi a adaptação de Brian à sua vida universitária. Esqueça o Desafio!

Resultado da promoção: Comentarista de Agosto!
A vencedora do comentário número 22 é Letícia Walter.
O comentário premiado foi na postagem: Resenha: Batman: The Dark Night Rises 

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