Resenha: Anjo Mecânico - Cassandra Clare




  • Título: Clockwork Angel
  • Tradução: Anjo Mecânico
  • Autora: Cassandra Clare
  • Editora: Margaret K. McElderry Books
  • Ano: 2011
  • Páginas: 479

Quando Tessa Gray, uma jovem de dezesseis anos, atravessa o oceano para se reunir ao irmão, o seu destino é a Inglaterra do reinado da rainha Vitória e aventuras aterrorizantes aguardam-na no Mundo-à-Parte de Londres, onde vampiros, bruxos e outras personagens sobrenaturais palmilham as ruas iluminadas a gás. Apenas os Caçadores de Sombras, guerreiros que se dedicam a livrar o mundo de demônios, conseguem manter a ordem no caos. Raptada pelas misteriosas Irmãs Escuras, membros de uma organização secreta chamada Clube Pandemonium, Tessa fica a saber que também pertence ao Mundo-à-Parte e que possui uma habilidade rara: o poder de se transformar, quando quer, noutra pessoa. Além disso, o Magister, a figura misteriosa que dirige o clube, tudo fará para reclamar o poder de Tessa para si. Sem amigos e perseguida, Tessa refugia-se junto dos Caçadores de Sombras do Instituto de Londres, que lhe juram encontrar o irmão se usar o seu poder para os ajudar. Em breve se sente fascinada, e dividida, entre dois amigos: James, cuja beleza frágil esconde um segredo mortal, e Will, um rapaz de olhos azuis, cujo humor cáustico e temperamento volúvel mantêm todo mundo distante... ou seja, todos menos Tessa. Enquanto a investigação os vai arrastando para o âmago de uma conspiração tenebrosa que ameaça destruir os Caçadores de Sombras, Tessa percebe que poderá ter de escolher entre salvar o irmão e ajudar os seus novos amigos a salvar o mundo... e que o amor pode ser a magia mais perigosa de todas.

Depois de ler toda a série Instrumentos Mortais, criei certa confiança no trabalho de Cassandra Clare tão grande que comprei de uma vez os dois livros lançados pela autora, de sua outra série de Caçadores das Sombras, As Peças Infernais, embora eu tenha ficado atrás por causa de algumas coisas, como o fato de ser um triângulo amoroso (eu fico meio chatinha caso a pessoa que eu gostar mais não se dê bem, hahaha). Mas, bem, o livro acontece no passado, vários e vários anos antes da história de Jace e Clary. Naquela época em que as pessoas andavam de carruagem e as mulheres só queriam alguém para casar e passar o resto da vida. Tessa é a típica garota sonhadora, que lê demais, e quer que procura o cara que ela vai amar, como se fosse seu objetivo de vida. Algo que pode parecer conservador para a gente, é simplesmente a realidade daquela época.

Cassandra continua com a sua mania de chamar seus personagens pelo apelido... Will, Tessa, Jem, Nate, o que deixa a gente bem próxima dos personagens. Embora, alguns deles fiquem se dirigindo como Sr. Herondale e afins, como era bem típico antigamente caso as pessoas não tinham intimidade. A autora conseguiu se inserir bem no contexto histórico, através das roupas, dos diálogos, das referências e dos costumes, ela com certeza pesquisou bastante. Certas horas, achei até um pouco difícil, por estar lendo em inglês, mas foi até para bom conhecer um vocabulário diferente. O fato da personagem principal, Tessa, ler bastante faz com que ela tenha uma visão bem diferente, seus pensamentos funcionam diferentemente, tendo uma opinião sobre tudo, e sempre que pode, ela está comparando as situações que vive ou pessoas que conhece com as que ela leu nos livros. Algo que muita gente vai se identificar. Eu me identifiquei!

“Você está rindo de mim?”
“Não
de você,” Will disse, sorrindo, “é mais por causa de você. Eu nunca vi alguém ficar tão animada por causa de livros. Você pensa que eles são diamantes”
– Tessa e Will, pág. 94

Fazendo uma comparação com as séries da autora, posso dizer que as duas contém as mesmas características que se destacam, que são tanto típicas da autora, como a forte personalidade dos seus personagens (Will tem até um pouco da síndrome de Jace, aquelas piadinhas inteligentes e hilárias, um pouco mais melancólico, e – se é que é possível – mais cheio de si). Tessa, por sua vez, é completamente diferente de Clary. A protagonista de Anjo Mecânico corre mais atrás do que ela quer, mesmo que seja deixada de lado em algumas batalhas. A Clary foi melhorando esse lado com o passar dos livros, mas Tessa demonstrou logo de cara.

“Pulvis et umbra sumus. É um trecho de Horace. ‘Somos pó e sombras.’ Apropriado, não acha?” Will disse. “Não é uma longa vida, matando demônios; tendemos a morrer cedo, e então eles queimam seu corpo–pó para pó, no sentido literal. E então sumimos nas sombras da história, uma pequena marca em um livro mundano para lembrar ao mundo que pelo menos existimos.”
– pág. 90

Embora seja mais um livro de Caçadores das Sombras, ele não é realmente uma parte da outra série, uma continuação. Não espero o mesmo tipo de vilão, ou que eles fiquei lutando com demônios tão frequentemente quanto em Instrumentos Mortais. Fiquei com medo que algumas coisas se repetissem, só mudando a cidade (Londres) e os nomes dos personagens principais. Mas ela ter inserido as criaturas mecânicas foi bem diferente, tirou mais o foco dos demônios (eles aparecem, sim, claro, mas nem tanto). Para quem está se preocupando em ter que ler Instrumentos Mortais antes, não é necessário. Cassandra explica novamente o mundo dos Caçadores das Sombras, o que eles fazem, como foram criados, e seus costumes. Foi bom para mim, por exemplo, que não lembrava de algumas coisas que foram faladas no primeiro livro.

“Cuidado, Nephilim. Como matas os outros, também serás morto. Seu anjo não pode protegê-los contra aquele que nem Deus, nem o diabo criou, um exército nascido nem do Céu, nem do Inferno. Cuidado com as mãos do homem. Cuidado.”
– pág. 130

Quanto ao triângulo amoroso, bem, devo dizer que não me irritou! Os personagens principais são uns amores, o Will e o Jem, principalmente. Não vou dizer que ficaria super feliz com qualquer um que a Tessa escolher, pois sou Team Will! Sempre gosto dos mais perturbados. Mas o Jem é tão fofo, tão misterioso, e tão carinhoso que merece o amor de Tessa. Mas algo que me incomodou foi o fato dela estar entre dois amigos. A amizade de Will e Jem é incrivelmente linda e emocionante! Minhas cenas preferidas eram dos dois. E me entristece um pouco saber que com uma garota no meio, essa amizade pode se enfraquecer. Mas bem, só nesse primeiro livro, não conseguimos decifrar completamente os personagens, afinal, eles foram escritos por Cassandra Clare! E todo mundo sabe que ela adora fazer a gente beirar a loucura assim como nos faz morrer de amor.

Tessa olhou para ele. Ele estava com aquele olhar que ela achava tão peculiar e irresistível–aquela diversão que não parecia passar das superfícies do seu rosto, como se ele achasse tudo no mundo infinitamente divertido e ao mesmo tempo infinitamente trágico. Ela se perguntou o que o fez desse jeito, o que ele parecia não compartilhar com nenhum dos Caçadores das Sombras que ela conheceu, mesmo que brevemente. Talvez foi algo que ele aprendeu com seus pais–mas que pais?
– sobre Will, pág. 91

Algumas pessoas dizem que As Peças Infernais é melhor que Instrumentos Mortais. Outros dizem que não é pra tanto, que IM é a melhor série dela! Bom, ao meu ver, as duas são igualmente geniais. Se você não gostou de IM, há grandes chances de não gostas de PF também. Mas se gostou, ah, vai adorar! A Cassandra Clare de uma série é a mesma Cassandra Clare de outra, as mesmas referências bíblicas, poéticas e super inteligentes, a narrativa linda que chega até a ser sonora. Guardei vários quotes dela, uma pena que eu tive que escolher algumas para colocar aqui, senão ia ficar muito sobre carregado, mas todas elas estão guardadas no meu computador.

O segundo livro da série (Clockwork Prince – Príncipe Mecânico, em tradução livre) já foi lançado nos Estados Unidos, e eu já comprei. Mas estou vendo quando vou ler, pois o terceiro, e último, livro Clockwork Princess – Princesa Mecânica, em tradução livre) sai apenas no final de 2012, e se eu bem conheço Cassandra, ela vai dar um final daqueles, só pra fazer a gente chorar e chorar até que o próximo livro saia, então estou segurando minha vontade e ansiedade, me limitando a apenas paquerar ele na estante.

Geral: (5/5)
Narrativa: (5/5)
História: (5/5)
Facilidade de Leitura: (4/5)
Design: (5/5)
Revisão: (5/5)

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