Resenha: Cidade dos Anjos Caídos - Cassandra Clare


“Minha vontade e o meu desejo foram transformados pelo amor, o amor que move o sol e as outras estrelas.”





  • Título: Cidade dos Anjos Caídos
  • Autora: Cassandra Clare
  • Editora: McElderry Books
  • Ano: 2011
  • Páginas: 424
  • (livro lido em inglês)

A Guerra Mortal acabou, e Clary Fray está de volta para sua casa, em Nova Iorque, empolgada com todas as possibilidades a sua frente. Ela está treinando para ser uma Caçadora das Sombras e usar seu poder único. Sua mãe está para se casar com o amor da vida dela. Caçadores das Sombras e Downworlders estão em paz, enfim. E – o mais importante de tudo – Clary pode finalmente chamar Jace de seu namorado.
Mas nada vem sem um preço.
Alguém está assassinando Caçadores das Sombras que estavam no Círculo de Valentine, provocando tensão entre os Caçadores das Sombras e Downworlders, o que pode levar a uma outra guerra sangrenta. O melhor amigo de Clary, Simon, não pode ajudá-la. Sua mãe acabou de descobrir que ele é um vampiro e agora ele está sem casa. Cada lugar que ele vai, alguém quer levá-lo para seu lado – junto com o poder da maldição que está bagunçando sua vida. E eles estão dispostos a fazer qualquer coisa para conseguir o que querem. Ao mesmo tempo, Simon está namorando duas garotas bonitas e perigosas – nenhuma das duas sabe sobre a outra.
Quando Jace começa a se afastar de Clary, sem explicar por que, ela é obrigada a entrar em um mistério cujas respostas revelam seu maior pesadelo: Ela começou uma terrível cadeia de eventos que podem levá-la a perder tudo o que ela ama. Até Jace.

“Jace não disse nada. Ele ainda estava olhando para Clary, e foi o tipo mais estranho de olhar. Simon pensou – o tipo de olhar que você lançaria a uma pessoa que você ama, mas nunca poderia ter, nunca teve. Ele imaginou que Jace uma vez se sentiu assim em relação à Clary antes, mas agora?” – pág. 103

Não sei se as pessoas que já leram Cidade de Vidro vão concordar comigo, mas eu tinha minhas desconfianças em relação a City of Fallen Angels, afinal de contas, uma trilogia se estender para seis livros?! Meio extremo, não acham? Mas quem ainda tem as mesmas desconfianças que eu, pode se acalmar. Enquanto ela não resolver escrever mais três livros, ficaremos bem!

Cassandra Clare vem, com esse livro, mostrar que o final feliz pode não ser tão fácil quanto seus personagens julgaram. O inimigo pode não estar mais entre eles, mas seus ideais continuam vivos, assim como as marcas das consequências do que ele fez. A autora pode falar quantas vezes quiser que a série Instrumentos Mortais fala sobre a jornada da heroína Clary, mas seu enredo desmente. Desde o final de Cidade dos Ossos até esse livro sendo resenhado agora, os acontecimentos giram em torno de Jace, e não foi nem um pouco diferente em CoFA.

Seria surreal se Jace continuasse sua vida feliz, com um relacionamento lindo e saudável com Clary. Mas a gente sabe que não é assim que a banda toca. Conhecemos Jace melhor do que isso. Cassandra fez um trabalho tão bom desenvolvendo sua personalidade que passei a conhecer o personagem em questão como se ele fosse meu amigo de infância. O peso que ele carrega desde que descobriu que o verdadeiro nome do seu pai é Valentine, o esforço que ele faz para não ser como ele. Isso o tortura por dentro, sendo seu parente de sangue ou não, Valentine foi a pessoa que Jace chamou de pai sua vida inteira, e não é de se espantar que ele não sinta nenhuma ligação com Stephen.

“Eu não sei quem eu sou. Eu me olho no espelho e vejo Stephen Herondale, mas eu ajo como um Lighwood e falo como meu pai – como Valentive. Então, eu vejo quem eu sou em seus olhos, e eu tento ser essa pessoa, porque você tem fé nessa pessoa, e eu acho que fé pode ser o suficiente para me tornar o que você quer.”
“Você já é o que eu quero. Sempre foi. Eu sei que você se sente como se você não soubesse quem é, mas eu sei. E, algum dia, você vai saber também. E, por enquanto, você não pode ficar se preocupando se vai me perder. Isso nunca vai acontecer.” Jace Lightbody e Clary Fray – pág. 304

Se eu tivesse que escolher uma palavra que pudesse descrever minha experiência ao ler esse livro seria “tortura.” Uma tortura boa, deixando nossos sentimentos a flor da pele, que faz de nós vulneráveis e empáticos. É um livro maravilhoso, a escrita da autora brilha aos olhos mesmo em uma língua estrangeira, seus personagens são dignos de nosso amor e nossa raiva ao mesmo tempo. Mesmo aqueles que não gostamos muito, conseguem arrumar um jeitinho de entrar no nosso coração. É apaixonante. Cassandra não tem medo de arriscar, não tem medo de colocar nossos personagens preferidos no meio do perigo, ou de fazê-los cometerem erros, sabendo que seus leitores podem não perdoar. É nessas horas que sabemos que a influencia de J.K. Rowling na sua vida foi saudável. Ela me fez acreditar em seu potencial, e no potencial de seus livros ainda mais. Esse é o tipo de autor que nós precisamos, que pode nos fazer viajar, sonhar e conhecer novas pessoas, sem nem cruzarmos a porta do quarto. É incrível. CoFA me trouxe todas essas sensações boas.

“A história é escrita pelos vencedores, dizem eles. Pode ser que não exista tanta diferença assim ente o lado da Luz e o lado da Escuridão como vocês supõem. Afinal de contas, sem a Escuridão, não existe nada para a Luz afastar.” Lilith – pág. 346

Quanto ao que eu falei no primeiro parágrafo, não se preocupem mesmo. Cassandra soube exatamente o que estava fazendo ao arriscar assim com sua série de livros. Valeu a pena todo o estresse e todo o “será que vai dar certo?” Deu certo. E, francamente, tem o potencial para fazer com que a segunda metade da jornada desses personagens seja ainda mais incrível. Ainda que esteja muito no começo para que eu possa julgar. Sem Valentine por perto, quem vai perturbar o suposto final feliz que eles deveriam estar vivendo? Essas coisas estranhas que estão acontecendo com Jace, a atenção constante que Simon vem recebendo de lados opostos, e o final torturante, pior do que os dos três livros primeiros! Será que meu coração aguenta até o lançamento de City of Lost Souls?

“Lembra quando eu te falei que eu não se se Deus existe ou não, mas, de qualquer jeito, estamos completamente sozinhos? Eu ainda não sei a resposta; Eu só sabia que existia fé, e que eu não merecia tê-la. E, então, tinha você. Você mudou tudo em que eu acreditava. Você sabe aquela citação de Dante que eu falei no parque? ‘L’amor che move il sole l’altre stelle’?” (...) É um pedaço do final de Paradiso – O Paraíso de Dante. ‘Minha vontade e o meu desejo foram transformados pelo amor, o amor que move o sol e as outras estrelas.’ Dante estava tentando explicar fé, um tipo de amor muito poderoso, e eu acho que é blasfêmia, mas é assim que eu penso sobre o modo como eu amo você. Você entrou na minha vida e, de repente, eu tinha uma verdade na qual poderia me apegar – que eu te amo, e que você me ama.” Jace Lightwood – pág. 407–408

Geral: (5/5)
Narrativa: (5/5)
História: (5/5)
Facilidade de Leitura: (5/5)
Design: (5/5)
Revisão: (5/5)


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