Luna Clara & Apolo Onze, Adriana Falcão



  • Título: Luna Clara & Apolo Onze
  • Autor(a): Adriana Falcão
  • Editora: Salamandra
  • Ano: 2002
  • Páginas: 238
Tudo se passa na Região de Desatino. Esta é a história de Luna Clara e Apolo Onze, mas é também a história de Doravante e Aventura, de Leuconíquio e Noctâmbulo, de Pilhério e Erudito, de Imprevisto e Poracaso, de coincidências e desencontros, de sorte e azar... Mas esta história pode ser também a sua história.
Desencontros levam os pais de Luna Clara - Doravante e Aventura - a se perder e a se encontrar. O avô da menina, Erudito, perde as histórias que havia colecionado e também o papagaio. As tias perdem os namorados. Em um constante ir e vir, na região de Desatino do Norte e Desatino do Sul, as vidas de Luna Clara e Apolo Onze acabam se cruzando.

“Toda loucura tem que ter um pouco de juízo e todo juízo tem que ter um pouco de loucura.” Pg. 25

Nunca tinha nem ouvido falar dessa obra até receber uma enxurrada de indicações lá no trabalho que foram, no mínimo, suficientes para despertar minha curiosidade ao seu extremo. O livro conta a história de Luna Clara, uma menina cujos pais (Aventura e Doravante) sofreram um grande desencontro logo após seu casamento. Agora, Doravante está determinado a dar a volta ao mundo procurando por sua amada – e pela sua filha, que ainda nem sabe que existe –, e Aventura está condenada a espera-lo em Desatino do Norte.

“Quis com os olhos, com as mãos, com o coração, com a cabeça, com ele todo, como é o nome disso? É bem-querer, parece, paixão, amor, love, amour, amore, depende exclusivamente da língua em que você estiver falando.” Pg. 190

Acontece que Doravante, Aventura e a família dela iam seguir viagem de Desatino do Sul a Desatino do Norte, mas seu sogro o ordenou o rapaz que fosse na frente, espantando os perigos do caminho como prova de seu amor (ai sim, ele daria a sua benção ao casamento!). Eles contavam que Doravante iria passar pelo Vale da Perdição, um lugarzinho localizado bem no centro do mundo, onde todos que passam por lá, perdem algo. Foi lá que Doravante perdeu sua sorte.

“O que faz cada história de amor são justamente seus acasos, seus contratempos, soltos acontecimentos, suas esperanças, seus ventos, seu tempo. Sabe-se lá em que teria dado essa história de Aventura e Doravante se ela tivesse sido de outro jeito?” Pg. 251

Adriana Falcão é um gênio. Ler Luna Clara & Apolo Onze é como sentar no colo da autora e a ouvir cantando todas aquelas palavras. É como ouvir sua história preferida de olhos fechados. É mágico. Ela renovou a forma de se contar uma história, de criar personagens e de se descrever o mundo em que deu vida a sua história.

“Vivia cansado e ansioso, ora bocejava, ora fantasiava esquisitices. É que, quando alguém gosta tanto de alguém, corre sempre o risco de ficar imaginando coisas.” Pg. 66

Adriana deu, a cada um de seus personagens um nome bem peculiar: Aventura e suas irmãs (Odisseia e Divina), por exemplo, cada uma leva o nome de um livro. As sete irmãs de Apolo Onze levam os nomes das sete maravilhas do mundo. Isso passando por pessoas chamadas Poracaso, Imprevisto, Madrugada, Erudito, e até o próprio Doravante. Essas pessoas vivem vidas diferentes, pregam a felicidade e o valor da vida em simplicidade. É de se apaixonar por completo.

“Tudo arrumado de modo que sempre houvesse gente descansando, gente festejando e gente trabalhando, pois uma festa daquelas dava trabalho demais e ninguém ali sabia, até então, que trabalho podia ser divertimento.” Pg. 21

Como se já não bastasse a perfeição de sua narrativa, Luna Clara & Apolo Onze trás, consigo, várias ilustrações que ora servem apenas para enfeitar suas páginas, ora servem para explicar o leitor em que pé está a história, com mapas, desenhados com muito humor, explicando o que faz cada um dos personagens durante todo o percurso entre Desatino do Sul a Desatino do Norte, passando pelo Vale da Perdição.

“Logo aprenderam que o único jeito de acabar com monstros imaginários é o desprezo. Para que perder seu precioso tempo se preocupando com coisas que não existiam?” Pg. 139

Apesar do livro não ser o que podemos considerar um volume fino, li em poucos dias por causa do meu tamanho envolvimento com o enredo, e, depois de tanto pesquisar, não encontrei alguém com uma opinião que difere da minha. Apesar de ser um livro infanto-juvenil, ele vai fazer todo mundo se apaixonar, dos mais novinhos, ao mais velho.

“Tudo o que ela encontrava, guardava no seu quarto (o que era concreto), ou na sua cabeça (o que era abstrato), olha aí a razão de tanto seu quarto quanto sua cabeça serem tão desorganizados.” Pg. 12

Adriana Falcão, para quem não conhece o trabalho, escreve A Grande Família, é casada com João Falcão, grande nome no cinema brasileiro, e é mãe da cantora e atriz Clarice Falcão, para quem este livro foi escrito.

“Você já percebeu como são intrometidas as coincidências do destino?
E criativas.
Ativas.
Muito românticas.
Então vá se preparando.
Porque mais cedo ou mais tarde, muito provavelmente, elas ainda vão se meter na sua vida.” Pg. 324

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