Resenha: Bel Ami



Durante a década de 1890, em Paris, Georges Duroy (Robert Pattinson) transita entre os bares mais imundos e os salões mais opulentos. Ele usa seu poder de sedução para tentar sair de sua situação social precária e conquistar a riqueza, neste mundo em que a política e a mídia brigam pelo poder, onde o sexo é uma arma e a fama é uma obsessão. Entre os alvos de Duroy estão algumas das mulheres mais influentes da sociedade da época, como Virginie Walters (Kristin Scott Thomas), Madeleine Forestier (Uma Thurman) e Clotilde de Marelle (Christina Ricci). Assim Duroy torna-se conhecido pelo nome de Bel Ami, ao mesmo tempo em que conquista o cargo de jornalista no respeitável La Vie Française, obtendo sucesso e lançando sua carreira. Mas ele deverá aprender a lidar com a dura realidade da sociedade corrupta em que vive, com os colegas traidores, amantes manipuladoras e empresários pouco confiáveis. Duroy deve provar que ele é capaz de ser um dos melhores sedutores, mais chantagistas e mais ambiciosos. Adaptado do famoso romance de Guy de Maupassant, Bel Ami é uma história plena de cinismo, mas também da alegria que representava a cidade de Paris, um local onde todos os sonhos eram possíveis.
Baseado no romance homônimo de Guy Maupassant, Bel Ami é o primeiro filme sob direção de Declan Donnellan e Nick Omerod. No Brasil, o longa estreou no último dia três, tendo vendido até hoje cerca de 16 mil ingressos. Como a maioria das adaptações, Bel Ami peca pela velocidade em que os acontecimentos são retratados, além da superficialidade com que aborda pontos decisivos que, na obra literária, o autor prioriza.

Filme e livro são, na verdade, uma crítica à sociedade francesa da década de 1980. Esse período foi profundamente marcado pela conturbada relação entre mídia e política, além dos conflitos religiosos e da postura de indiferença adotada pela alta sociedade frente a esses temas. Assim, os relacionamentos amorosos de Maupassant nada mais são que metáforas para os problemas postos em questão.

O problema é que o longa tentou retratar características de uma sociedade extremamente corrupta através de romances que sabe Deus como foram originados. A equipe de produção preocupou-se muito mais em apresentar uma grande sequência de fatos a ter de explicá-los e interligá-los de maneira mais clara ao público, o que, de fato, poderia ter tornado o enredo mais interessante.

Outro fator histórico muito evidente na adaptação é a influência feminina no contexto social da época. As mulheres, ainda que submissas a seus maridos já encontravam maneiras de impor suas vontades e pensamentos de forma mais sutil, tornando-se, assim, não as vozes, mas as cabeças dos sistemas político e social da França. O principal exemplo dessas estratégias femininas é Madeleine, que sabe usar seus modos e sua inteligência para adquirir status, poder e espaço político, numa época em que as mulheres sequer podiam sair de casa.

No elenco, claro, o destaque é Robert Pattinson. Pattinson, que muito mais interpretou Edward Cullen (Twilight) do que Duroy. Honestamente, cada vez que o personagem era exposto ao sol, eu esperava que ele brilhasse. Dispensando classificar a qualidade de sua atuação, apenas acho que o ator não se encaixava nesse papel. Robert pode ter charme e até um topete bonito, mas, definitivamente, não é um sex simbol.


Essa é a sexta adaptação de Bel Ami para as telonas, tendo sido a primeira lançada em 1939. Na televisão, a obra inspirou quatro produções, duas no formato de filmes televisivos e outras duas como minisséries. Particularmente, fiquei muito mais satisfeita por ter saído com a audição intacta após um filme estrelado por Pattinson do que pelo filme propriamente dito. Por: Marina Padilha (@maripads)

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