Resenha: Desventuras em Série 2 (A Sala dos Répteis) - Lemony Snicket




  • Título: A Sala dos Répteis
  • Autor(a): Lemony Snicket
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano: 2001
  • Páginas: 184
Lemony Snicket é um autor que não pode ser acusado de falta de franqueza. Sabe que nem todo mundo suporta as tristezas que ele conta e por isso - para que depois ninguém reclame - faz questão de avisar: "Se você esperava encontrar uma história tranqüila e alegre, lamento dizer que escolheu o livro errado. A história pode parecer animadora no início, quando os meninos Baudelaire passam o tempo em companhia de alguns répteis interessantes e de um tio alto-astral, mas não se deixem enganar...".Os Baudelaire têm mesmo uma incrível má sorte, mas pode-se afirmar que a vida deles seria bem mais fácil se não tivessem de enfrentar o tempo todo as armadilhas de seu arquiinimigo: o conde Olaf, um homem revoltante, gosmento e pérfido. Em Mau Começo ele deu uma pequena amostra do que é capaz de fazer para infernizar a vida de Violet, Klaus e Sunny Baudelaire - e aqui as coisas só pioram.

Quando vocês eram muito pequenos, talvez alguém tenha lido para vocês a insípida história – a palavra “insípida” aqui quer dizer “indigna de se ler para alguém” – do Menino que deu Alarme contra o Lobo. Um menino muito bobo, vocês devem estar lembrados, gritou “Lobo!” quando não havia nenhum lobo, então os crédulos habitantes da aldeia que correram para salvá-lo ficaram sabendo que era tudo brincadeira. Até que um dia ele gritou “Lobo!” quando não era brincadeira, e os habitantes não vieram salvá-lo, e o menino foi comido, e a história, graças a Deus, terminava aí.
A moral da história, é claro, deveria ser: “Não more jamais num lugar onde os lobos passeiam à vontade”, mas quem leu para vocês a história provavelmente terá dito que a moral era que não se deve mentir. Ora, essa é uma moral absurda, pois tanto vocês como eu sabemos que às vezes mentir não é somente bom como é necessário.

Corajoso é aquele leitor que se aventura ao continuar a ler os livros de Desventuras em Série. Bom, pelo menos aos olhos de Lemony Snicket, são mesmo. Apesar de já ter uma vaga noção do enredo deste livro (através do filme), não pude deixar de ficar ansiosa pela continuação ao ler o primeiro livro dessa série. Com a atrativa carta que o autor deixa no começo, cuja intenção é fazer com que o leitor desista dessa leitura tão desagradável, entrei mais uma vez na realidade dos irmãos Baudelaire, e não me arrependi.

Não há muito que diferenciou o primeiro livro do segundo. Fico satisfeita em dizer que o autor não pecou com mudanças no ritmo do livro, na narrativa, ou com fatos e características que poderiam se contradizer com o primeiro volume. Lemony Snicket fez de A Sala dos Reptéis, exatamente o que ela deveria ser: uma continuação, sem interrupções, começando exatamente onde o primeiro livro nos deixou. Devo dizer que fiz uma aposta cega em Desventuras em Série, segui todas as boas críticas e comprei, numa promoção o box com os treze livros, e até agora – embora eu ainda esteja não no começo da série – não me arrependi.

O autor trás, como essas obras, boas contribuições para o mundo literário. Gosto, principalmente, como ele cria seu estilo próprio, sem se prender a clichês, fórmulas de escrita ou regras. Lemony não se prende ao suspense, ele leva o leitor consigo no decorrer da história. Dessa forma, não levamos susto, não somos pegos desprevenidos, mas ainda assim queremos acompanhar o andar da carruagem. Os únicos que são deixados às cegas, sãos seus próprios personagens, pelos quais não podemos evitar torcer para que tudo dê certo, e que o bem triunfe sobre o mal pelo menos uma vez.

Embora eu saiba que esses tormentos pelos quais os irmãos Baudelaire estão longe de acabarem, me vejo impossibilitada de largar esses livros, de esquecê-los. Quero, o quanto antes, ler o próximo livro, um atrás do outro, e ver se de fato o autor fala a verdade quando diz que essa história não tem um bom final. De mãos cheias e sem hesitações, indico esse livro para aquele bom leitor da literatura infanto-juvenil, seja qual for sua idade.

Geral: (5/5)
Narrativa: (5/5)
História: (4/5)
Facilidade de Leitura: (5/5)
Design: (5/5)
Revisão: (5/5)

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