Resenha: O Circo da Noite - Erin Morgenstern




  • Título: O Circo da Noite
  • Autor(a): Erin Morgenstern
  • Editora: Intrínseca
  • Ano: 2012
  • Páginas: 387
  • Cortesia da Editora Intrínseca
Sob suas tendas listradas de preto e branco uma experiência única está prestes a ser revelada: um banquete para os sentidos, um lugar no qual é possível se perder em um Labirinto de Nuvens, vagar por um exuberante Jardim de Gelo, assistir maravilhado a uma contorcionista tatuada se dobrar até caber em uma pequena caixa de vidro ou deixar-se envolver pelos deliciosos aromas de caramelo e canela que pairam no ar. Por trás de todos os truques e encantos, porém, uma feroz competição está em andamento: um duelo entre dois jovens mágicos, Celia e Marco, treinados desde a infância para participar de um duelo ao qual apenas um deles sobreviverá. À medida que o circo viaja pelo mundo, as façanhas de magia ganham novos e fantásticos contornos. Celia e Marco, porém, encaram tudo como uma maravilhosa parceria. Inocentes, mergulham de cabeça num amor profundo, mágico e apaixonado, que faz as luzes cintilarem e o ambiente esquentar cada vez que suas mãos se tocam. Mas o jogo tem que continuar, e o destino de todos os envolvidos, do extraordinário elenco circense à plateia, está, assim como os acrobatas acima deles, na corda bamba.

Devo começar essa resenha informando que quaisquer que forem as expectativas que você tenha sobre esse livro, desapegue-se. Não por ser um livro ruim, mas por ele surpreender, ser muito mais do que imaginávamos em questão de grandiosidade. O circo é quase um personagem criado pela autora, com uma personalidade, e tão tangível e presente quando as pessoas do livro.

Erin teve mil maneiras em suas mãos fazer de O Circo da Noite um livro único. Ela usou todos os artefatos possíveis, e fez minha imaginação fluir com um circo único. Me deixa imensamente satisfeita saber que o autor teve se esforçou para fazer de seu livro uma experiência única, nada que faça o leitor remeter a histórias lidas anteriormente. Duvido muito que você tenha lido algo sobre um circo tão especial, cada detalhe dele me interessava. Erin Morgenstern tomou cuidado para ser extremamente detalhista, como aqueles livros mais antigos, cada folha, cada alteração da intensidade do vento era importante. Essa peculiaridade na escrita da autora algumas vezes atrapalhou a leitura, deixando a narrativa maçante, e até descrevendo coisas repetidamente em capítulos diferentes.

Ao contrário do que você deve ter lido nas sinopses por aí afora, Marco e Celia e seu duelo não são o único ponto importante do livro, existe vários outros envolvidos, que chegam sem muita pretensão, que começa como uma onda e vira uma tempestade, sendo, talvez, até o fator provocador do “grande” clímax. É preciso que se tenha muita atenção ao lê-lo, entretanto, pois O Circo da Noite não segue uma linearidade cronológica, é bom sempre estar prestando atenção nas datas impressas no início de cada capítulo, pois você pode estar lendo um acontecimento que foi ocorrido antes de “Fulaninho” descobrir algo. Esse aspecto do livro me lembrou “A Mulher do Viajante no Tempo”, que também utilizava capítulos datados, fora da nossa cronologia normal, mas que para o personagem principal fazia todo o sentido. Só lamento dizer que isso não funcionou tão bem para a Erin como funcionou para a Audrey. Ficou confuso, e a mudança constante do foco em personagens a obrigava a descrever a mesma coisa três ou quatro. Perdi a conta de quantas vezes li a descrição do circo, sobretudo de suas cores. Esse foi o maior fator negativo do livro, o que o tornou maçante em combinação com a narrativa.

Mas o que todos estão querendo saber: E o duelo entre Marco e Celia? Bom, podem esquecer e esperar por algo mais filosófico e com consequências silenciosas, nada de Jogos Vorazes como todo mundo começou a imaginar por aí (inclusive eu). Pouco do que é lido na sinopse condiz com o que o livro realmente é. Esqueça o grande duelo, ele é definitivamente o “acontecimento” mais importante do livro, mas como vai se desenvolvendo silenciosamente através das mais de 380 páginas, você mal o sente. Quanto ao romance, ele também não é muito impactante como era de se esperar, ele é motivado pela ligação que os dois têm, o que soou um tanto falso para mim, como se eles estivessem além do livre arbítrio.

Não estou culpando o livro por não condizer com minhas expectativas, não há dúvidas de que Erin tem uma bela e imensa imaginação, seu grande pecado foi não saber como colocar suas ideias geniais no papel. As partes em que a autora descrevia os não tão comuns momentos de magia me deixava com olhos vidrados nas páginas, mas os outros momentos me pareceram tão irrelevantes. O enredo com Poppet, Widget e Bailey foram meus personagens preferidos e, em minha opinião, levaram o livro nas costas. Gostaria que eles tivessem ganhado mais momentos só deles.

Não posso deixar de comentar que o acabamento gráfico do livro ultrapassou o genial. Meus parabéns à Editora com sua equipe muito competente. Quem achar o livro na livraria e tiver a oportunidade de dar uma folheada vai ficar com vontade já de levar para casa só pra ter essa obra de arte maravilhosa! Quem já tiver visto o livro vai me entender...

Geral: (3/5)
Narrativa: (4/5)
História: (4/5)
Facilidade de Leitura: (3/5)
Design: (5/5)
Revisão: (4/5)

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